A jornada solitária da identidade gay no universo cinematográfico de Pedro Almodóvar

Na trama do curta, que teve sua estreia mundial no Festival de Cannes 2023 em maio, os atores Pedro Pascal e Ethan Hawke interpretam os personagens Silva e Jake, respectivamente. Ambos são cowboys que viveram um romance há 25 anos e se reencontram na meia-idade em um contexto completamente diferente. Jake é agora o xerife de Bitter Creek e está investigando o assassinato de uma mulher local que ele deveria proteger.

No encontro, eles passam uma tarde conversando, relembrando o passado, jantando juntos e acabam se tornando íntimos naquela noite. No entanto, na manhã seguinte, descobrimos que os dois estão conectados pelo crime e esse reencontro não é apenas um pretexto romântico.

André, que gravou um episódio especial sobre a solidão gay em seu programa Vibes em Análise, comentou: “Achei o filme belíssimo. Fiquei muito surpreso. O tema do filme, um western gay, é excelente. Neste curta, vemos esse reencontro entre eles, já maduros, cada um carregando suas dores, e isso me fez refletir sobre esse episódio que gravei”, disse Thiago.

“Sim, eu sempre abordo essa questão de dois pontos de vista: como pesquisador, participando de muitos grupos de pesquisa e entrevistas, mas também como analista, nos seminários e nas supervisões, além de todos os recursos utilizados pelo analista”, iniciou André, destacando que os episódios sobre a solidão gay são os seus favoritos no podcast.

Primeiro porque tem essa questão que Thiago mencionou, de ser um assunto pouco discutido. A saúde mental da comunidade LGBTQIA+ nem sempre é abordada. Fala-se muito sobre orgulho, empoderamento, aceitação e empatia. Existem várias palavras grandiosas que são usadas ao falar sobre a comunidade LGBTQIA+, mas, ao mesmo tempo, parece que as conversas sobre saúde mental e o estado psicológico dessas subjetividades não são muito frequentes. André

Para ele, o filme de Almodóvar já traz em seu nome um ponto muito interessante. “É curioso como a tese do filme já é apresentada nos primeiros minutos. Que estranha forma de vida é essa? Fiquei pensando desde o início que o estranho não necessariamente é algo ruim”, ressalta.