Opinião - Bruno Boghossian: Castro sabe o que quer na crise do Rio, e Lula sabe o que não quer

Análise: Os diferentes objetivos de Castro e Lula diante da crise no Rio de Janeiro

O governador do Rio de Janeiro apresentou uma série de solicitações em Brasília. Segundo Cláudio Castro, o Congresso deveria endurecer as penas para criminosos que utilizam armas de guerra, a Marinha deveria reforçar sua presença na baía de Guanabara, a Aeronáutica deveria intensificar a fiscalização nos aeroportos e a Polícia Rodoviária Federal deveria patrulhar as estradas que cortam o estado.

Existem medidas que são viáveis para enfrentar o crime enraizado no Rio. No entanto, algumas têm baixa viabilidade e outras são ideias antigas reapresentadas como novas soluções. Nenhuma delas irá solucionar a crise de segurança do estado imediatamente. Mesmo assim, Castro conseguiu levar a questão para o governo federal sem parecer estar se rendendo.

Desde o início, o governador quis evitar a utilização das Forças Armadas na segurança urbana. Ele afirmou que não há problemas com as forças policiais do estado, que, segundo ele, estavam sucateadas em 2017. Castro argumentou que a ação do governo federal é necessária para que “os esforços do Rio tenham efeito”.

Castro fez questão de evitar que o pedido de socorro fosse interpretado como um reconhecimento de falência. Por outro lado, a equipe do governo federal acredita que, desta vez, será inevitável intervir no caos do Rio de Janeiro, mas está trabalhando para estabelecer limites nessa intervenção, já que nenhum governo conseguiu sair imune de situações problemáticas como essa.

O ex-presidente Lula também recuou no uso das Forças Armadas, mas por motivos diferentes. Durante uma reunião na última terça-feira (24), ele disse ao ministro da Defesa e aos comandantes militares que não colocaria o Exército nas ruas para evitar mortes que poderiam ser atribuídas ao seu governo. Três dias depois, ele afirmou que não queria ver as Forças Armadas “em favelas lutando contra bandidos”.

A decisão do presidente tem respaldo em tragédias como a ocorrida no Rio de Janeiro em 2019, quando militares atiraram 257 vezes em um veículo que resultou na morte de duas pessoas. No entanto, também reflete traumas mais recentes. Ao vetar operações de Garantia da Lei e da Ordem, Lula limita o poder das forças militares e reduz o contato com a polícia militar.

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