Depois de estabelecer sua própria produtora e depois trabalhar como assistente de produção em outra empresa, a atriz de teatro decidiu abandonar a carreira e estudar para se tornar funcionária pública, assim como sua mãe, mas mudou de ideia. “Pensei ‘tudo bem, vou ser atriz ferrada e lascada’”.
Não foi tão difícil assim, certo? Júlia relembra quando acompanhou seu ex-marido, Marcos Veras, em uma entrevista no programa de Jô Soares e foi convidada para ser uma das protagonistas de uma peça do apresentador de televisão e dramaturgo.
Eu era uma atriz de teatro do Rio de Janeiro. Ele disse ‘vocês querem ser protagonistas da minha peça?’. Eu aceitei na hora. Ele até se surpreendeu que aceitamos sem nem ler o texto. Mas quando Jô Soares te convida para fazer qualquer coisa, você vai. (…) Esse homem mudou minha vida.
A fama nacional veio com o vídeo “Sobre a Mesa”, um dos primeiros vídeos do Porta dos Fundos, que eternizou a frase “o que eu quero, Mário Alberto?” — Júlia revela que até hoje recebe pedidos para repetir essa fala em projetos de publicidade.
Quando questionada se o Porta dos Fundos era machista, a atriz comenta que o fato do programa ser liderado por homens foi um problema, mas ao mesmo tempo, a produção também contribuiu para o diálogo sobre questões sociais, incluindo o próprio machismo.
Estamos falando de 10 anos, muita coisa aconteceu, não posso simplesmente dizer ‘sim, eles são machistas’, especialmente porque eu acredito que o Porta dos Fundos contribuiu significativamente para o debate nacional em vários assuntos, incluindo o ‘Sobre a Mesa’, que gerou muita discussão sobre o desejo feminino. Ao mesmo tempo, estamos falando de homens heterossexuais no Brasil.