O futebol brasileiro sempre foi contado com o ângulo dos clubes do Rio e de São Paulo, pois são os mais populares e porque é onde sempre estiveram localizados os maiores grupos de mídia. Muitos clubes furaram essa bolha ao longo dos últimos 60 ou 70 anos e fizeram por merecer. Para os nordestinos, sempre foi mais difícil.
Os Estados mais abandonados à própria sorte na história da nação, Estados em que poucos oligarcas tomaram conta de quase tudo e dividiram quase nada. Estados em que há pobreza, seca, sofrimento, escravidão até hoje. Mas que passou a levantar a cabeça pouco a pouco e a compreender sua importância a partir deste século. É lógico que isso ajudou também o futebol.
O Fortaleza é, hoje, um dos cinco clubes mais bem organizados do Brasil – e olha que eu poderia escolher um número menor. Tem um presidente que exerce liderança sem precisar ser autoritário, que não compra discursos vitimistas, que olha para frente e com profissionalismo. Que demonstrou em dois momentos pontuais, ao resgatar Rogério Ceni e ao segurar Juan Pablo Vojvoda no ano passado, saber o que faz, sem se submeter à gritaria.
Ganhar ou perder a Sul-Americana não muda um fio de cabelo do ótimo trabalho que o Fortaleza faz. Não é uma final casual. É uma final que é uma consequência. Uma derrota que lembra mais uma daquelas derrotas que trazem o sentimento de “no ano que vem tem coisa boa” do que aquelas derrotas do “xi, nunca mais terão essa chance”.
O Fortaleza nos entristeceu neste sábado. Mas seu torcedor tem de levantar a cabeça, chorar bastante, bater no peito e olhar para o futuro com otimismo. A derrota deste sábado é de todos nós. O futuro promissor é só do Leão.
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