Vejam o primeiro gol do Fluminense no Beira Rio. Marcelo pula sobre a bola sem olhar para trás. Ele sabia que haveria por ali um companheiro. E havia. Cano pega a bola, passa para John Kennedy e o time empata.
O segundo gol: Dessa vez, Kennedy, já na pequena área, sabe que atrás dele haveria alguém. E havia. Era Cano, que faz o gol da vitória.
Alguns chamam de “escadinha”, eu chamo de solidariedade. Ninguém fica muito tempo sozinho, tem sempre alguém com quem jogar, tem sempre outro na sobra.
O Dinizismo não se preocupa em criar espaços. Ele se preocupa com a comunicação entre os jogadores. A caneta é a bola, a linguagem é a proximidade e a intimidade.
O Dinizismo não promete times invencíveis, promete apenas coragem e solidariedade. O que a vida quer da gente é coragem, escreveu Guimarães Rosa. E eu, humildemente, acrescentaria solidariedade.
Depois do empate no Maracanã escrevi que Dinizismo é vida. Parte da torcida do Fluminense chiou. Alguns diziam que eu falava isso porque não era tricolor. Bem, em parte sou. O Fluminense foi meu primeiro amor, mas essa história não cabe aqui. A questão aqui é que a ideia de que haverá um time perfeitamente montado que elimine a chance de perder ou de sofrer gol, um time tão soberano que entrará em campo sendo ao mesmo tempo temido e reverenciado por seus adversários, não é real.