Luciana Bugni: Nova temporada de Sex Education incomoda quem quer manter privilégios

Sex Education: A nova temporada incomoda aqueles que resistem à desconstrução de privilégios

Será que a série Sex Education está deixando de abordar problemas mais reais, que estão presentes em nossa sociedade? Quando Adam Groff, um homem que se descobriu em um relacionamento homossexual, consegue dialogar com o pai sobre bissexualidade, será que estamos apenas vivendo uma realidade utópica?

A última temporada da série realmente desafia a realidade que conhecemos. O personagem hétero está lidando com suas próprias inseguranças relacionadas ao prazer anal, mas consegue conversar abertamente sobre isso. Seu pai autoritário ainda tem muito a aprender sobre diversidade, mas está disposto a se tornar um homem melhor e até admite que já questionou sua própria sexualidade na adolescência. Enquanto isso, a pessoa queer pode falar sobre sua transição de gênero com um amigo, mas também enfrenta as dificuldades hormonais e o sofrimento que isso acarreta. Uma mistura de utopia e vida real.

Tudo isso acontece em meio a bandeiras do arco-íris, reciclagem e bicicletas. Para aqueles que se incomodam com essa combinação, é possível voltar ao primeiro episódio da primeira temporada e começar tudo de novo. Caso ainda esteja confuso, assista novamente.

Mesmo que estivéssemos inseridos nessa realidade colorida que encantou Eric e se Deus fosse uma mulher negra, ainda haveria muito a aprender sobre nossa complicada vida sexual na adolescência. É por isso que Otis também se sente incomodado: sua função como terapeuta sexual dos colegas está ameaçada, já que O., a terapeuta original da escola, não quer abrir mão do seu posto. Transformar o mundo é incrível, e os personagens parecem estar cientes disso.

Além disso, há corações partidos, abusos sexuais não resolvidos e o medo de crescer, emoções que só quem vivenciou sabe como é. Uma mistura de vida real que não deixa a desejar.

A utopia retratada em Sex Education serve como pano de fundo para entendermos que, quando a alcançarmos, será mais fácil incluir a todos. No entanto, ainda teremos muito a fazer. É hora de seguir em direção ao lado de lá do arco-íris e começar a cuidar do que realmente importa.

(Artigo de Luciana Bugni disponível em: https://www.uol.com.br/splash/colunas/luciana-bugni/2023/10/05/nova-temporada-de-sex-education-incomoda-quem-quer-manter-privilegios.htm)


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